Organização Alemã busca experiências Agroecológicas no Sul do Brasil 

Em busca de experiências Agroecológicas, Agrarkordination visita áreas de reforma agrária, no Sul do Brasil

Por Jaine Amorin

Entre os dias 16 e 26 de Outubro, recebemos a visita da Alemã Mireille Remesch da Agrarkordination, na ocasião estava acompanhada por Líria Andrioli, professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que cumpria o papel de apresentar a região e fazer as traduções da língua portuguesa para a Alemão e vice-versa; e de Jaine Amorin, do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação e Agroecologia (CEAGRO) que fez registros fotográficos e de audiovisual.

A partir de uma articulação do Professor da UFFS Dr. Antônio Inácio Andrioli , a vinda de Mireille ao Brasil teve o objetivo de conhecer a realidade do Sul do Brasil e principalmente as experiências com agroecologia, com uma agenda extensa visitando entidades, povos indígenas, e áreas de reforma agrária.

Casa da memória Tera e Povo / Foto: Jaine Amorin

O Ceagro contribuiu organizando parte do seu roteiro, sendo responsável pelos últimos 4 dias (23 – 26), e no domingo (20/10), no qual, a visita ocorreu na unidade familiar de Denise e Ivo Amorin, Assentamento 8 de Junho – Laranjeiras do Sul/ PR, conhecendo a produção de hortaliças e de animais.

No dia 23/10, a visita foi no município de Rio Bonito do Iguaçu/PR, no assentamento Marcos Freire, conhecendo a Casa da Memória Terra e Povo e uma parte da Luta pela reforma agrária na região, a qual representa a maior área reformada do Brasil, e com isso a história do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que no Brasil cumpre o papel histórico de organizar as trabalhadoras e trabalhadores para ocupar terras improdutivas e griladas e destina-las a reforma agrária. Na região são mais de 5 mil famílias assentadas e 4 mil famílias acampadas em 2019.

Na sequência, ainda no assentamento, visitou o Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak (nome é uma homenagem a uma militante do setor de Educação do MST), e a Escola Municipal do Campo Herbert de Souza com o objetivo de conhecer a pedagogia do MST “Complexo de Estudos com Ciclo de Formação Humana”, que rompe com a lógica tradicional de estudos por série, respeitando os ciclos humanos de aprendizagem.

Após o almoço conheceu a Escola Itinerante Herdeiros do Saber no acampamento Herdeiros da Terra de Primeiro de Maio, para entender a organização de uma escola em área de

acampamento, a qual se organiza como uma escola Itinerante, o que lhe permite acompanhar as famílias para onde forem. Escola Herdeiros tem duas estruturas atualmente, sendo a sede, que visitou, e a segunda estrutura localiza-se na comunidade Guajuvira.

Ainda no Acampamento Herdeiros da Terra, visitamos o lote do agricultor Walmir Soares, acampado desde 2014 e reconhecido como um dos guardiões de sementes crioulas da região, certificado pela Rede Ecovida de certificação orgânica participativa e um dos agricultores que recebe assistência técnica do CEAGRO a partir da organização do grupo de agroecologia do acampamento.

 

Trilha ecológica na Vila Velha – Ceagro / Foto: Jaine Amorin

No dia 24/10, iniciamos o dia na cooperativa de crédito CREHNOR para compreender os

processos de organização ao acesso a linhas de crédito para os povos do campo, localizada em Laranjeiras do Sul e depois seguimos para a unidade Vila Velha de Experimentação e Preservação da Fauna e Flora – CEAGRO, em Rio Bonito do Iguaçu/PR, com o intuito de conhecer mais sobre as ações no âmbito da promoção e difusão da agroecologia, a partir da assistência técnica e capacitação em Agroecologia e gestão à grupos de agroecologia e cooperativas.

A Vila Velha é um centro de referência em agroecologia que vem sendo ampliado nos últimos anos, com projeto de metas para sua consolidação nos próximos anos. Além de ser um espaço para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, hospedagem, alimentação, eventos e ecoturismo.

No que se refere a ações de acompanhamento a grupos produtivos, o Ceagro acompanha junto a rede Ecovida todos os integrantes do núcleo de certificação Luta Camponesa e o pré-núcleo Centro-sul, e a partir desse acompanhamento se deu a visita as unidades familiares dos dias 20 e 23 e as visitas dos dois dias posteriores (25 e 26).

Criança sem terra segurando morangos agroecológicos / Foto: Jaine Amorin

Em Laranjeiras do Sul, no dia 25, as visitas ocorreram nos grupos de agroecologia do Assentamento 8 de Junho e do Acampamento Recanto da Natureza, cooperativa COPERJUNHO e Agroindústria Recanto da Natureza.  No assentamento, visitamos duas unidades familiares, a unidade Sítio Agroecológico Vida Nova da Delci e Sadi Amorin que trabalham com medicina alternativa/popular, cultivando plantas medicinais e com atendimento ao público com o método Bio-Saúde. E a unidade familiar da Marli e Darci da Silva que tem sua produção focada em hortaliças e ovinos. No entanto ambas as famílias tem diversidade de produção de alimentos trabalhando também com Sistema de Agroflorestas (SAF).

Na cooperativa COPERJUNHO, organizada pelo grupo de mulheres do Assentamento 8 de Junho, conhecemos a produção de panificados para merenda escolar e um pouco sobre a promoção de eventos e a venda de lanches e refeições para eventos externos.

Com o objetivo de conhecer a produção de leite orgânico visitamos a unidade familiar do Divo Vigolo, no Acampamento Recanto da Natureza, que trabalha com o sistema de Pastoreio Racional Voisin (PRV), concilia o bem estar animal e a produção de leite. Ainda visitamos a Agroindústria da Associação Recanto da Natureza, organizada por mulheres e jovens. A agroindústria trabalha apenas com a produção de panificados orgânicos entregando em cesta na cidade e merenda escolar.

Café Artesanal Gomes / Foto: Jaine Amorin

No último dia de agenda (26/10), nos deslocamos até o município de Quedas do Iguaçu/PR, para a unidade familiar administrada por Josué Gomes e Graciely Gomes, no Assentamento Celso Furtado Conhecer a produção do Café Orgânico Gomes, sendo que está produção atualmente é certificada pela Rede Ecovida e teve seu maior desempenho durante os anos em que o CEAGRO prestava assistência técnica mais presencial através das políticas públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). Café do Gomes já foi exportado para Alemanha, é um dos produtos fornecido nas cestas da reforma agrária em Curitiba/PR e comercializado no Armazém do Campo em São Paulo/SP.

Após a visita no assentamento nos deslocamos até o Acampamento Dom Tomas Balduíno para uma conversa com o grupo de agroecologia que a pouco se mudou para os lotes definitivos e está iniciando suas produções, ainda no formato de transição para agroecologia. Na casa do Itacir Gonçalves e Ana da Silva conversamos com o grupo que apresentou as conquistas e demandas da e para a produção agroecológica no acampamento.

Além das visitas acompanhadas pelo CEAGRO, Mireille visitou a Aldeia Indígena de Mangueirinha/PR; O Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), em Marechal Candido Rondon/PR; Unidade Familiar e lideranças políticas da região, em Porto Barreiro/PR; ASSESOAR, em Francisco Beltrão/PR; e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), onde também deu uma palestra com o tema: Experiências de Agroecologia na Alemanha.

18ª JORNADA DE AGROECOLOGIA CONQUISTA DIÁLOGO ENTRE CAMPO E CIDADE

Feira que ocorreu ao longo do evento comercializou aproximadamente 15 toneladas de produtos agroecológicos.

Por Lu Sudré, do Brasil de Fato.

Quatro dias de oficinas, seminários, debates, trocas e reflexões sobre a importância da produção de uma alimentação saudável. Assim foi a 18ª Jornada de Agroecologia, que se iniciou no dia 29 de agosto e terminou neste domingo (1º).

Mais de cem agricultores de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e, principalmente, dos assentamentos e cooperativas do estado do Paraná, participaram da Feira da Agrobiodiversidade que ocupou a praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense.

A estimativa é que mais de dez mil pessoas tenham participado do evento como um todo. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foram comercializados aproximadamente 15 toneladas de alimentos agroecológicos como hortaliças, raízes, frutas, legumes e laticínios.

Segundo Naiara Bittencourt, da Terra de Direitos, uma das 69 organizações que realizaram a Jornada, o grande número de participantes evidencia como o evento fortaleceu o diálogo entre o campo e a cidade sobre a importância de uma alimentação saudável.

“Pudemos perceber que os trabalhadores da cidade conversavam com os feirantes, queriam saber da onde vinha aquele produto, como ele era produzido, qual a relação que se tinha com aquele alimento. As pessoas participaram de muitas oficinas sobre agrotóxicos, um debate que congrega os trabalhadores do campo e da cidade”, destaca.

Bittencourt complementa que a edição da Jornada de Agroecologia esse ano foi diferenciada porque, pela segunda vez, foi realizada na capital. As edições anteriores aconteceram em outros municípios de Curitiba.

Estar no centro do estado potencializou a troca entre os trabalhadores urbanos e os agricultores. “Os camponeses trouxeram sua diversidade de cores, de sabores, de culturas e mostraram para o consumidor, pro trabalhador da cidade, que é possível um outro modelo de agricultura que seja sustentável e respeite as relações ambientais e sociais”.

Ela destaca que na atual conjuntura política do país, essa unidade é essencial pois, tanto o campo quanto a cidade, sofrem a ofensiva de um projeto que pretende retirar direitos, desmontar relações de trabalho e ferir a soberania nacional.

A Feira da Agrobiodiversidade aconteceu na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba (Foto: Vanessa Nicolav)

Além da imensa variedades de produtos, mais de 25 apresentações culturais ocorreram durante a Jornada.

Armelindo da Rosa, do setor de produção do estado do Paraná do MST, elogia o sucesso de vendas da feira. Ele também avalia que, por meio do diálogo, bandeiras erguidas pela Jornada, como o repúdio ao uso dos agrotóxicos e transgênicos, foram muito bem recebidas.

“A nossa pauta vem ganhando espaço, vem ganhando força diante dessa conjuntura. Comparando com ano passado, foi bem mais leve. Muitas pessoas vieram, tivemos espaços em meios de comunicação que não tivemos em outros momentos. De fato, a pauta da produção dos alimentos, da defesa da natureza, dos cuidados com a vida, vem ganhando força”, comemora.

Durante o ato de encerramento da Jornada neste domingo, os agricultores leram uma carta reafirmando a resistência popular contra os atuais retrocessos protagonizados contra Bolsonaro, contra o agronegócio e a enorme quantidade de agrotóxicos liberados em ritmo sem precedente: Em apenas oito meses de governo, 290 novas substâncias tóxicas foram registradas.

“A Jornada é um processo permanente e contínuo de trocas de saberes: no cultivo da terra, no semear da agrobiodiversidade e no cuidar da água, na colheita da soberania alimentar, no uso das plantas medicinais e terapias naturais, nas escolas do campo, nos conhecimentos dos guardiões e guardiãs das sementes e na ciência cidadã. É uma construção de projeto popular soberano, com arte, cor, sabor, amor, cultura, poesia e alimento saudável”, afirma a Carta da 18ª Jornada da Agroecologia.

Edição: Daniela Stefano

FESTA DA REFORMA AGRÁRIA: 22 Anos de Lutas e Conquistas do Assentamento 8 de Junho no Paraná

Entre abertura, almoço e matinê passaram pela festa aproximadamente duas mil pessoas que comemoraram com as famílias esse dia tão especial.

Por Jaine Amorin

No último domingo (09/06), reunindo aproximadamente duas mil pessoas, o Assentamento Oito de Junho, localizado no município de Laranjeiras do Sul, região centro do estado do Paraná, comemorou seu 22º aniversário com a já tradicional e grandiosa festa da reforma agrária.

Mística de abertura/ Foto: Jaine Amorin

Com o objetivo da partilha e de confraternizar a resistência da luta pela terra, a comemoração ocorre todos os anos no domingo mais próximo ao dia 8 de Junho. Na programação, no mesmo molde dos anos anteriores, iniciou com uma mística que retrata um pouco da história do assentamento relacionada a conjuntura atual, esse ano foi abordado questões ambientais e a importância que a reforma agrária tem para a construção de um Brasil mais sustentável.

“É uma importante celebração para a vida em comunidade. Tem uma grande participação das famílias nos preparativos da festa, tanto nas doações, como nos serviços”, afirma Ivo Amorin, da coordenação do assentamento.

Em seguida, foi realizado o ato político social que teve a presença de Darci da Silva, da coordenação do assentamento, Elemar Cezimbra, representando a Via Campesina, o vice-reitor Antonio Andrioli representando a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e o Deputado Estadual Professor Lemos (PT).

Almoço servido gratuitamente para cerca de 1200 pessoas/ Foto: Jaine Amorin

Almoço servido gratuitamente/ Foto: Jaine Amorin

Após o ato, foi servido para cerca de 1200 pessoas o almoço feito e doado pelas famílias do assentamento. O cardápio contou com 670kg de carne de gado, porco e frango, além de arroz, mandioca, batata, saladas de tomate, chuchu e repolho, e panificados. Animação da tarde foi com a banda Mil e Uma Noites.

Amorin ainda ressalta a importância da integração entre campo e cidade e a participação de outras comunidades e assentamentos.

“Essa integração nossa com a cidade demonstra que a reforma agrária dá certo. É muito importante para nós do assentamento poder celebrar junto com pessoas de diversos ramos  sociais, que participam porque gostam do nosso assentamento, é um motivo de muita alegria a participação das famílias da cidade, de comunidades vizinhas e de outros assentamentos”, disse o assentado.

22 Anos de lutas e conquistas

O assentamento teve origem do acampamento montado às margens da BR 158, no dia 8 de Junho de 1997, com 17 famílias organizadas pelo MST com objetivo de ocupar a fazenda Rio Leão. Em pouco tempo o espaço passou a contar com cerca de 240 famílias, e ocupou a fazenda em janeiro de 1998.

As famílias resistiram aos dias ensolarados de verão e durante os rigorosos invernos embaixo da lona preta até a conquista definitiva da área no ano de 2001, onde começaram a construir seus lares em terras que puderam passar a dizer que eram suas.

O assentamento foi formado com 74 lotes até o ano de 2009, quando três lotes foram cedidos para a instalação de um dos campus da UFFS, uma grande conquista dos movimentos sociais da região Sul do Brasil, sendo o primeiro campus de Universidade Federal dentro de um assentamento de reforma agrária.

Após essa conquista o assentamento passou a ter 71 lotes e atualmente com mais de 100 famílias, contando filhas e filhos de assentados que formaram famílias e hoje moram no lote com os pais.

Durante esses anos várias estruturas foram formadas no assentamento, como a cooperativa de panificados, COPERJUNHO, que fornece alimentos para as escolas municipais e estaduais da cidade de Laranjeiras do Sul, barracão de festa, ginásio esportivo, campo de futebol, e está em construção a escola municipal do campo e o laticínio regional que irá agregar valor ao leite produzido nas áreas de assentamentos da região.

Além das conquistas estruturais que se formaram ao longo desses anos, o assentamento comemora muito mais do que uma área reformada, comemora a reforma agrária popular, que não apenas divide uma terra, que também cria condições de vida, como moradia, trabalho, cultura e lazer, em uma comunidade que vive realmente em comunidade, buscando sempre o bem comum.

Ornametação/ Foto: Jaine Amorin

Movimentos camponeses ocupam espaços da UFFS com o debate da Reforma Agrária

MST e UFFS inauguram a realização da sexta edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária – JURA.

Por Jaine Amorin

Nos dias 20 e 21/03, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e a Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, realizaram a sexta edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), no campus de Laranjeiras do Sul/PR.

Fotos: Jaine Amorin e Juliana Bavuzo

É necessário que os movimentos sociais camponeses ocupem os espaços nas universidades. Com esse objetivo foi criada as JURA’s, hoje realizadas em todas as regiões do Brasil, debatendo a Reforma Agrária no meio acadêmico e apresentando o que vem sendo construído pelos movimentos do campo.

O professor doutor Bernardo Mançano Fernandes, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), explica um pouco sobre o objetivo das Jornadas: “É tentar levar para dentro da academia aquilo que os movimentos camponeses, socioterritoriais, como o MST, Via Campesina, e outros, estão fazendo, estão construindo (…). Nessa construção nós temos atividades culturais, nós temos debates sobre os conflitos e disputas territoriais, feiras agroecológicas”.

 

Mançano conta que existem vários projetos sendo desenvolvidos, mas ressalta que muitas questões ainda não foram respondidas. “Temos um conjuntos de demandas de projetos de pesquisa que estão em desenvolvimento, mas ainda temos uma série de questões não respondidas”. Através das questões não respondidas se dá a contrapartida da universidade para os espaços de Reforma Agrária. “Nós também aproximamos os acadêmicos desses territórios, no sentido de que esses acadêmicos possam se interessar pelas pesquisas”, completa.

Com o objetivo de atender as demandas da Região de Fronteira Sul do Brasil, a UFFS é resultado da luta dos movimentos sociais camponeses, junto a sindicatos e demais movimentos, pela interiorização das universidades. Nessa luta destaca-se esse campus, construído dentro de um território de Reforma agrária, sendo único campus de universidade Federal localizado em um assentamento que leva o nome de 8 de Junho, organizado pelo MST.

Programação

Fotos: Jaine Amorin e Juliana Bavuzo

A 6ª JURA iniciou na noite do dia 20/03, com a presença do professor Bernardo Mançano Fernandes, que trabalhou o tema “As territorialidades da Reforma Agrária”. Na manhã do dia 21/03, Mançano deu sequência na sua participação com a plenária “O MST e o Território da Reforma Agrária na Região Centro do Paraná”, que contou com a participação dos membros do MST Jaqueline Baim, Juliana Cristina, Jaine Amorin e Luis Carlos Costa, que explanaram sobre a organicidade do MST a partir dos setores e coletivos organizados na região.

Evento contou com a exposição e comercialização de diversos produtos da reforma agrária, alimentos in natura, processados, panificados e artesanatos.

Também foi marcado pela presença do Movimento dos Atingidos por Barragem – MAB, Movimentos do Pequenos Agricultores – MPA e Indígenas.

Unidade Pedagógica do CEAGRO recebe certificação orgânica

Por Leonardo Xavier

Foto: Arquivos Ceagro

Unidade Pedagógica do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (CEAGRO),  situada no assentamento Ireno Alves, em Rio Bonito do Iguaçu-PR. Unidade conhecida como “Vila Velha”, nome que é dado devido ao fato de situar a antiga cidade onde moravam os trabalhadores que construíram a usina hidrelétrica Salto Santiago.

O espaço da Unidade de Formação está hoje cercado pela Reserva Legal do Assentamento Ireno Alves e está muito próximo ao alagado formado pela usina. Uma área onde se tem um contato próximo com a natureza e a biodiversidade local, sendo portanto um lugar privilegiado para realizar a produção de alimentos saudáveis, baseando-se nos princípios da Agroecologia.

No dia 28 de fevereiro de 2019, a Unidade recebeu a visita dos conselheiros de ética do núcleo Luta Camponesa, ligado à Rede Ecovida de Agroecologia, que realiza a certificação orgânica através do Sistema Participativo de Garantia (SPG). O objetivo é aplicar e aprimorar técnicas de produção que estejam em sintonia com a natureza e com a saúde das pessoas que frequentam a unidade, disponibilizando alimentos orgânicos para estudantes, professores e visitantes.

SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO DO PDA É REALIZADO NOS ACAMPAMENTOS EM QUEDAS DO IGUAÇU/PR

Por Luis C. Costa

Na ultima quinta (27/09), o CEAGRO promoveu o Seminário: “Planejando a produção do nosso assentamento”, realizado no acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu. As famílias do acampamento Vilmar Bordin também participaram. O evento faz parte das ações desenvolvidas no âmbito do Plano de Desenvolvimento do Assentamento (PDA) que está sendo realizado nas duas áreas.

Com a colaboração de Adalberto Martins, membro do MST do Rio Grande do Sul e doutor em Geografia Agrária, a atividade promoveu o debate sobre a organização da produção e a importância do planejamento dos lotes e do assentamento como um todo, considerando aspectos como a diversificação das culturas, a cooperação para a produção, agroindustrialização e comercialização, dentre outros. O debate foi subsidiado pela apresentação dos resultados do diagnóstico feito com todas as famílias acampadas, que trouxe uma caracterização do contexto produtivo, como os principais cultivos de interesse das famílias, as necessidades de capacitação técnica e experiência na agricultura.

Dentre os dados que chamaram a atenção estão a grande diversidade de cultivos pretendidos, a preferência das famílias pela produção orgânica e agroecológica e a preocupação com o autoconsumo.O seminário deu início à terceira fase do PDA, onde serão realizados seminários temáticos para debater as questões levantadas na fase de diagnóstico. Dentre os temas dos seminários estão infraestrutura, educação, saúde, gênero, juventude, história e memória.

O PDA, que teve início em junho desde ano, é autogestionado pelas famílias acampadas com assessoria do CEAGRO e visa construir de forma participativa um plano detalhado abordando os aspectos sociais, econômicos e ambientais do futuro assentamento, desde o formato e divisão dos lotes até a projeção de demanda e localização das escolas, aparelhos comunitários e instrumentos de comercialização da produção, dentre outros.

Edição Jaine Amorin

Seminário Regional de Produção, Cooperação e Meio Ambiente

Na última quinta-feira (30), o CEAGRO promoveu o Seminário Regional de Produção, Cooperação e Meio Ambiente, realizado no centro comunitário do Assentamento 8 de Junho, em Laranjeiras do Sul.
Por Jaine Amorin
Revisão Luis C. Costa

O evento contou com a participação de agricultores e agricultoras dos grupos agroecológicos, associações e cooperativas dos assentamentos e acampamentos da região centro do Paraná.

Na parte da manhã, o representante da Cooperativa Central de Reforma Agrária do Paraná, Armelindo da Maia, conduziu o debate abordando elementos da conjuntura agrária e os desafios para o desenvolvimento da agricultura familiar, agroecologia e intercooperação. Na sequência, Mirian Kunrath, do Coletivo Regional de Mulheres e Setor de Gênero do CEAGRO e Juliana de Mello do Coletivo Regional de Juventude abordaram o papel das mulheres e dos jovens na construção da Agroecologia. Já no período da tarde foram realizadas assembleias do CEAGRO e da cooperativa de crédito CREHNOR. O dia foi encerrado com um trabalho em grupos com o objetivo de debater os desafios da construção da agroecologia na Região.

 

ESPECIALIZAÇÃO EM REALIDADE BRASILEIRA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

Por Mirian Kunrath
Foto: Thiarles França

Passados quase seis meses da primeira etapa, os acadêmicos e acadêmicas da Especialização em Realidade Brasileira retornaram para a segunda etapa de formação, que ocorreu entre os dias 16 a 25 de Julho, no CEAGRO – Vila Velha, município de Rio Bonito do Iguaçu/PR.

A turma é composta por Acadêmicos oriundos de diversas regiões do Estado do Paraná e de Santa Catarina, em sua maioria pessoas ligadas a organizações sociais como APP- Sindicato, Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, além de acadêmicos sem vínculos orgânico social. O curso tem como objetivo compreender a realidade brasileira com base nos clássicos brasileiros, com abordagem nas diversas áreas e perspectivas.

Durante esta segunda etapa os autores estudados foram Milton Santos, compreendendo os conceitos de Espaço e Território, Gilberto Freire, Sergio Buarque de Holanda e Darci Ribeiro, para compreender a formação do povo brasileiro, e Guilherme Delgado, com o conceito de Agronegócio. Além dos autores estudados, a turma contou com aulas ministradas por Carlos Frederico Marés de Souza Filho, que trabalhou conceitos relacionados ao Direito Agrário.

Para entender mais sobre a realidade e compreende-la, a turma saiu das atividades teóricas e contou com experiências práticas dentre as quais se destacam uma caminhada para conhecer a Vila Velha e um pouco da sua história, e a Visita aos Acampamentos Herdeiros da Terra de 1º de Maio em Rio Bonito do Iguaçu e Dom Tomás Balduíno em Quedas do Iguaçu, ambos organizados pelo MST.

Edição Jaine Amorin

 

Festa no acampamento Dom Tomás Balduíno comemora 3 anos de resistência no Paraná

Organizado pelos moradores do acampamento em um ano de trabalho, atividade é a maior do MST neste ano

Frédi Vasconcelos | Brasil de Fato | Quedas do Iguaçu (PR)
Em solidariedade ao Lula, preso político, moradores e visitantes do acampamento colocaram máscara em manifestação de apoio ao companheiro - Créditos: Laís Melo

Em solidariedade ao Lula, preso político, moradores e visitantes do acampamento colocaram máscara em manifestação de apoio ao companheiro / Laís Melo

No sábado (07), o acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu-PR, teve a maior comemoração do ano realizada por militantes do MST. Num local que é símbolo de resistência, moradores se auto-organizaram por mais de um ano para fazer um evento para cerca de 10 mil pessoas, comemorando os três anos de existência do acampamento no território. Mística, ato político, apresentações culturais e um grande almoço foram oferecidos. Cada uma das 600 famílias que vivem lá contribuiu, nesse período, com 10 quilos de carne, complementadas por outras doações. Em cada uma das oito cozinhas organizadas, todas com o nome de uma personalidade, como Marielle Franco, Tchê Guevera, Comandante Chávez etc., trabalharam cerca de 100 pessoas.

Foto: Giorgia Prates

O ato político e festivo contou com a participação de políticos, como os senadores Gleisi Hoffmann (PT), Roberto Requião (MDB), lideranças do MST, representantes da igreja católica, de universidades, entre outras.

Na abertura, o Frei José Fernandes, que conviveu com Dom Tomás Balduíno até seus últimos dias, lembrou que ele era um homem de grandes articulações e de pequenos atos, como defender os sem-terra, os indígenas, lutar contra o latifúndio, ao mesmo tempo que cuidava do jardim da casa em que moravam. Pedindo o coro de todos presentes, Frei José repetiu uma frase de Dom Tomás: “Direitos humanos não se pedem de joelhos, exigem-se de pé”.

O professor da PUC-PR e ex-procurador geral do Estado, Carlos Frederico Marés, lembrou que nessa região do Paraná a luta pela terra é uma questão centenária. “Aqueles que entregaram títulos falsos tentam nos fazer esquecer essa luta. Aqui já cultivamos nossos mártires, adubo que nos faz levantar cada vez mais. A terra pertence a todos e só quando todos usam ela faz sentido para a sociedade”.

O senador Requião, depois de afirmar que o assentamento é exemplo por sua organização e resistência, também lembrou que as terras onde está pertenciam à União e foram griladas pela família Giacometti, revendida à companhia Araupel e agora ocupada pelo MST. “A Araupel, quando comprou essa terra, sabia que era roubada. E quem compra mercadoria roubada perde sem receber nada. Onde houver terra desocupada e improdutiva, só se aceita título de propriedade assinado por Deus e com firma reconhecida. Terra improdutiva tem de ser ocupada”.

Já a senadora Gleisi Hoffmann lembrou que há pouco tempo estave numa praça de Quedas do Iguaçu em ato pela morte de dois acampados assassinados. “Leonir e Vilmar são companheiros que tombaram, mas enfrentaram a Araupel, mostrando que a reforma agrária é possível e necessária”, disse. E lembrou que o Brasil passa por um momento decisivo, que é a eleição de outubro deste ano: “Será determinante para enfrentar os problemas brasileiros, como a fome que está voltando e a falta de políticas públicas para o campo e a cidade. A única opção é fazer com que Lula possa ser candidato e governar de novo o Brasil. Não prenderam porque ele cometeu crime, mas porque representa o povo brasileiro, a esperança. Se deixar solto, ganha a eleição e desmonta o que eles fizeram”, concluiu. No que foi complementada pelo senador Requião. “Assino embaixo do que Gleisi disse. Lula não está preso. É um ex-presidente nacionalista e popular sequestrado pelos interesses geopolíticos de outros países. Continuidade e resistência vão libertar Lula de seu sequestro.”

Já João Pedro Stédile, do MST, disse que depois das últimas vitórias na Justiça o acampamento já pode trocar as placas da entrada por Assentamento Dom Tomás Balduíno. E lembrou a visita que fez ao ex-presidente Lula na última quinta-feira. “Na situação em que ele está a gente fica constrangido, não sabe se abraça ou chora, mas o homem (Lula) está com tanta energia de entrar em campo, que já começa a puxar assunto sobre política. Ficou falando uma hora e eu só anotando. Disse a ele que vinha nessa atividade e ele pediu para dizer para cada militante do MST que na batalha contra golpistas os primeiros companheiros nessa luta são do MST, a quem deve eterna gratidão. E, quando voltar, não vai brincar de reforma agrária. Vai fazer reforma agrária de verdade, doa a quem doer”, relatou Stédile.

Edição Jaine Amorin
Ceagro participou da festa e assessorou através do Projeto "Direitos Humanos: das Violações a conquista da Reforma Agrária" apoiado pelo 

Audiência Pública para denunciar a precarização com a educação do campo no município de Rio Bonito do Iguaçu/PR

Por Mirian Kunrath

Foto: Jaine Amorin/CEAGRO

Na manhã do dia 28/06/2018, foi realizada uma audiência pública sediada na Câmara municipal de vereadores em Rio Bonito do Iguaçu – Pr. A audiência foi presidida pelo presidente da Câmara, o vereador Miltinho e contou com a presença do prefeito Ademir Fagundes (Gaúcho), Representante do Ministério Público o promotor Dr. Felipe, o secretário para assuntos fundiário do Estado do Paraná Hamilton Serighelli, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST, Deputado Estadual Professor Lemos, Representante da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Janete Stofel e outras autoridades. Contou com a participação de lideranças locais, diretores das escolas da rede municipal e estadual dos Assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire, ambos do Rio Bonito do Iguaçu.

Audiência teve como objetivo denunciar e solucionar a precarização com a educação do campo, motivada pela péssima condição das estradas, precarização do transporte escolar, sendo que as linhas de transporte são suspensas em dias chuvosos pela falta de condições de trafego, resultando em uma perca de 54 dias letivos em 2017 e até a presente data  já foram 25 dias letivos do ano de 2018.

Sr. Orlando Baim, pai de estudante e morador do Assentamento. Foto: Jaine Amorin/CEAGRO

Um importante debate acerca da Educação do Campo e também sobre a infraestrutura de assentamentos da Reforma Agrária, concluindo que é urgente melhoria nas estradas. Como resultado da audiência foi encaminhado pelo representante do Ministério público afim de cumprir com o direito das crianças e adolescentes a Educação,  a organização de uma sequencia de reuniões de um corpo técnico o qual se reunirá mensalmente para buscar soluções passiveis para a resolução dos problemas.

O CEAGRO se soma nesta construção por meio do Projeto Direito das Famílias Sem Terras: das Violações a Conquista da Reforma Agrária, apoiado pelo Fundo dos Direitos Humanos, na defesa dos Assentados e Acampados do município e região.

Edição Jaine Amorin